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No princípio este Blog era dedicado a comentar a "arghtetura" que grassa em todo canto.Alquimíca: porque seus autores conseguem transmutar concreto, aço, vidro e outros materiais em pura merda. Com o tempo, foram acrescentados "contra-exemplos": alquimia inversa à supracitada (reciclagem,arquitetura alternativa, sustentabilidade, novas tecnologias, etc,..). Aceitam-se imagens e crônicas. Envie-as para arquiteturaalquimica@bol.com.br
quarta-feira, janeiro 10, 2007
forma e função
domingo, janeiro 07, 2007
cápsulas
"eu agüento até os modernos...
conceito
São borrados, tênues os limites entre o que comumente se chama kitsch e o que chamo aqui de "arquitetura alquímica".
O exemplar do primeiro post, por exemplo, oscila entre um e outro.
Penso que talvez o kitsch em arquitetura conserve algo daquilo que é o naif na pintura: falta de pretensão, uma certa espontaneidade e descompromisso com a "tendência do momento" ou com o "bom gosto" acadêmico. O kitsch seria uma "customização" intuitiva do usuário/proprietário da construção, o acréscimo - muitas vezes a posteriori - das referências estético/afetivas do morador. Já a arquitetura alquímica praticada por "profissionais"reflete uma certa pretensão estilística, arrogância ou afetação pseudo-acadêmica. Tem predominado atualmente uma certa referência Miami: grandiloquência, abuso da simetria e de coloridos diferentes nos telhados e nas paredes externas, colunas sem função estrutural, enfeitadas com frisos, relevos e escala monumental.
Ao observar o exemplo anexado a este post, meu tio (que é arquiteto), sugeriu um diagnóstico interessante: disse que aparentemente o "alquimista" autor do projeto tinha "preocupações volumétricas", um certo cuidado em distribuir a simetria lateral e alto/baixo. Mas a atenção à distribuição dos volumes não levou em conta, por exemplo, o ambiente. É uma casa à beira-mar e a viga frontal da sala simplesmente impede que se veja a linha do horizonte.
Sobreposto a isso observa-se a ostentação, a utilização de colunas ornamentais, tudo isso sacrificando a criação dos espaços (na minha época de estudante estava na moda definir a arquitetura como "criação de espaços". Não sei se hoje ainda é assim) e a funcionalidade. Nem mesmo está em discussão se aqui antes foi pensada a forma ou a função: ambas são igualmente sacrificadas.
Foram feitas, certamente, concessões ao proprietário-cliente: ou será que de sã consciência alguém que fez 5 anos de faculdade ousaria propor que o forro de um dos quartos tenha um detalhe em forma de coração e o outro um detalhe em forma de borboleta, por exemplo? E ainda há um terceiro quarto, com o detalhe em forma de estrela...




