No princípio este Blog era dedicado a comentar a "arghtetura" que grassa em todo canto.Alquimíca: porque seus autores conseguem transmutar concreto, aço, vidro e outros materiais em pura merda. Com o tempo, foram acrescentados "contra-exemplos": alquimia inversa à supracitada (reciclagem,arquitetura alternativa, sustentabilidade, novas tecnologias, etc,..). Aceitam-se imagens e crônicas. Envie-as para arquiteturaalquimica@bol.com.br

terça-feira, novembro 06, 2007

mais uma made in URSS

Isto é um "Palácio matrimonial", ou seja, local próprio para a realização de casamentos. Segundo consta na página http://www.pingmag.jp/2006/09/13/frederic-chaubin-soviet-sf-style/ , casamentos não eram e não são realizados em igrejas e sim em casas deste tipo. A foto, assim como a anterior, é de Frederic Chaubin. Mais informações e outras fotos da arquitetura russa do período soviético vc encontra no link acima.

quinta-feira, novembro 01, 2007

urss

Druzhba Holiday Center Hall é o nome desta "casa de amizade" ou "casa comunitária" construída no período soviético na região da Ucrânia. Reza a lenda que a CIA considerava-a um estranho objeto militar. Compreensível.
Chama a atenção a proporção da edificação em relação à encosta na qual está encravada: não há nenhum tipo de integração visível, pelo contrário. Mais parece a materialização de um confronto entre o poder de um regime totalitário e as forças da natureza. A ostentação da supremacia do primeiro é posta em primeiro plano absoluto (aliás, é posta em todos os planos). É tanto concreto e tanto volume que os freqüentadores da praia mal têm espaço. Como se sentir de férias e relaxado à sombra de tal aberração? Para quem está na praia, a sensação deve ser a de esmagamento iminente. E para quem está dentro será que é semelhante a uma fortaleza medieval?

para fechar a série "architekture alternative"

Casa de calotas & sucatas
Casa de praia em madeira flutuante, de Fred Burns. Belfast, Maine.
Casa de placas de Jose Parra. Em San Elizario, Texas.

alquimia do Bem

Ainda da série Architekture alternative Casa de tonéis - década de 70.
Também as noções de "supérfluo" e "essencial" são aqui postas em xeque...
Sabe-se lá qual necessidade gerou uma cabeceira tão rica. Teria sido a mesma que dispensou o teto protetor?
Drop City, Trinidad, Colorado, 1968.

Mais alternativas

Casa de portas em Pirgos, na Grécia.
Casa-globo perto de Lake Havesu, Arizona, 1977.

Outros contra-exemplos

Há alguns meses vi um interessante livrinho alemão sobre "arquiteturas alternativas": Architekture alternative. Depois de olhar as fotos, a polissemia da palavra alternativa e (também da palavra lar) fica ainda mais acentuada. Alguns destes exemplos mostram uma perpectiva alternativa ao modo pequeno-burguês de conceber o conforto. Em outros, alternativos são os materiais e as técnicas usadas para torná-los viáveis como elementos arquitetônicos. Há ainda a alternativa "espacial" - o aproveitamento de espaços inusitados, inóspitos e a procura de outros tipos de interação do volume com o ambiente. E também a alternativa "estética". Em alguns casos, de "estética da existência", mesmo. Eis o primeiro lote:

A primeira foto é um telhado experimental de pneu e grama, de Martin Pawley (Florida, 1979). A segunda foto é uma casamóvel em Los Angeles.

terça-feira, maio 01, 2007

peleja nada oculta

Esta foto (incluindo a legenda sob ela) foi publicada na revista Piauí de fevereiro. Nome da matéria: "Projetos antagônicos", por Fernando Serapião. Foto de Tuca Vieira (Folha Imagem). Uma das explicações da origem do nome Morumbi é que viria do indígena mará-obi, ou "peleja oculta". No Morumbi, em São Paulo, a peleja não é tão oculta. Do lado direito da foto está um prédio típico do bairro, com uma piscina por varanda. Do lado esquerdo estão construções também típicas do bairro, os barracos de Paraisópolis. A segunda maior favela da cidade tem 80 mil pessoas. É só uma das 2018 favelas paulistanas. Do 1 bilhão de favelados do mundo, São Paulo contribui com 1 milhão.

contra--exemplo

L.F. Barreto de Queiroz Bispo e sua arquiPETura fornecem um belo contra-exemplo à arghtetura que abunda por aí. Sem pretensões, com sua casinha flutuante construída sobre garrafas e pedaços de isopor Luiz Fernando Bispo ainda fez, de quebra, um trabalho de despoluição que o governo não faz (leia depoimento de L.F. Bispo e veja o vídeo nos links abaixo). O biscateiro Luiz Fernando Barreto de Queiroz Bispo, de 40 anos, inaugurou a piscina em seu "quintal": no meio do Canal do Cunha, no subúrbio do Rio, próximo à Ilha do Fundão, na Ilha do Governador. (Foto: Custódio Coimbra) Ag O globo 12/04/2007 - 20h48 Saiba mais » Casa-barco vai ficar onde está, decide governo do Rio » Dono de casa flutuante tem sete dias para sair do Canal do Cunha

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Casa esbelta

Leia a matéria de Adriana Carranca e Juca Varella (Estado de São Paulo) e veja a galeria de fotos aqui: http://www.estado.com.br/editorias/2006/07/18/cid-1.93.3.20060718.29.1.xml

quarta-feira, janeiro 10, 2007

não foi terremoto

...apesar de ser no Japão.
Tirei lá do fina flor do brega, também.

forma e função

Este exemplo foi retirado lá do site fina flor do brega. Segundo a autora do post (Valeu, "Lulu de Cacharrel"), o autor do "projeto" parece ter um entendimento bem literal do que seja adequação forma/função. Mais explícito impossível: trata-se da entrada de um motel, em Porto Alegre.

Só vendo pra crer....

PS: Peguei emprestado da "Lulu" o termo arghtetura. Obrigada. Lá no site dela, www.finaflordobrega.combr tem uma seção só de arghtetura e decoração que vale a pena conferir! São páginas e páginas de exemplos kitsch.

domingo, janeiro 07, 2007

cápsulas

Colônia de férias no ex-planeta Plutão? Não! Apenas a residência de praia de uma numerosa família que parece ter uma noção de privacidade um tanto o quanto peculiar.... Cada uma das "cápsulas" é um mini-apartamento e todos eles estão interligados.... A única área comum é o play-ground das crianças.

"eu agüento até os modernos...

E seus segundos cadernos (...) Eu não gosto é do bom gosto" (Senha - Adriana Calcanhoto) O que é o kitsch afinal? Fiquei incomodada com a tentativa feita, no post anterior, de distinguí-lo da arquitetura alquímica. Como estou longe dos meus livros, no momento só posso contar com as "definições"que rolam pela rede. Transcrevo o que achei lá no E-DICIONÁRIO DE TERMOS LITERÁRIOS: kitsch: De origem incerta, mas provavelmente derivado do inglês “sketch” (esboço) ou do alemão “kitschen” (coloq.: fazer móveis novos à partir de móveis antigos), o termo kitsch surgiu por volta de 1870 no comércio artístico em Munique para designar objectos de arte, feitos de propósito para satisfazer a procura de uma nova clientela endinheirada. A partir deste contexto, a palavra evoluiu pejorativamente no sentido genérico de arte de imitação e de mau gosto. Kitsch é um termo internacional e aplica-se em todos os domínios da produção artística, desde as artes plásticas até à literatura, música e artes decorativas. Enquanto termo contrastivo de “arte autêntica e verdadeira”, kitsch começa por ser um fenómeno histórico-social, ligado à ascenção da burguesia e ao seu alargamento, no século XX, para uma sociedade de massas que pede aos produtos de cultura uma disponibilidade comercial idêntica à de outras comodidades. Anti-elitista por excelência, o kitsch é um produto da sociedade de consumo e mais de que uma qualificação estética, significa uma atitude perante a vida que valoriza o prazer fugaz da não-permanência. De um ponto de vista estético, kitsch é uma arte eclética cujo princípio estrutural é mais acumulativo de que arquitectónico. Kitsch favorece a abundância, o elemento decorativo, a não-funcionalidade e a trivialidade. Produzido para ser vendido, kitsch adapta-se ao gosto do público, estimulando uma emocionalidade cómoda, perto do sentimentalismo. Em termos de recepção, kitsch é de assimiliação fácil: gratifica as expectativas do consumidor e assenta numa medianidade de gosto que os media e a publicidade simultaneamente produzem e satisfazem. Na medida em que o kitsch é conscientemente aproveitado por correntes artísticos (arte Pop) ou grupos específicos (camp), o termo vai perdendo o seu poder contrastivo de “arte”. Ao promover o kitsch à arte e a equacionar arte com kitsch, tais correntes colocam em questão as tradicionais distinções entre “arte elevada” e “arte popular”. Em último análise, kitsch pergunta pelo valor ético do objecto estético e repõe a questão romântica da transcendência da arte em termos imanentes e relativos. Os usos metacomunicativos e elitistas de kitsch (ironicamente os primeiros objectos de kitsch tornaram-se hoje itens de colecção - edelkitsch - acessível apenas a um grupo económico de élite) distanciam-se do uso original de kitsch, que continua operante no uso comum, como testemunham os termos portugueses equivalentes: “pires”, “piroso”, “pimba”. BIB.: Abraham Moles: Psychologie du kitsch: L’art du bonheur (1971; O Kitsch: A Arte da Felicidade, São Paulo, 1994); E. Karpfen: Der Kitsch (1925); G. Dorfles: Der Kitsch (1969); G. Richter: Kitsch-Lexicon von A bis Z (1970); J. Schulte-Sasse (ed.): Literarischer Kitsch. Texte zu seiner Theorie, Geschichte und Einzelinterpretation (1979); L. Giesz: Die Phaenomologie des Kitsches (1960); Matei Calinescu: Five Faces of Modernity: Modernism, Avant-Garde, Decadence, Kitsch, Postmodernism (2ªed., 1987); T. Kulka: Kitsch and Art (1996). M. Boucherie Tem também na http://pt.wikipedia.org/wiki/kitsch

conceito

São borrados, tênues os limites entre o que comumente se chama kitsch e o que chamo aqui de "arquitetura alquímica". O exemplar do primeiro post, por exemplo, oscila entre um e outro. Penso que talvez o kitsch em arquitetura conserve algo daquilo que é o naif na pintura: falta de pretensão, uma certa espontaneidade e descompromisso com a "tendência do momento" ou com o "bom gosto" acadêmico. O kitsch seria uma "customização" intuitiva do usuário/proprietário da construção, o acréscimo - muitas vezes a posteriori - das referências estético/afetivas do morador. Já a arquitetura alquímica praticada por "profissionais"reflete uma certa pretensão estilística, arrogância ou afetação pseudo-acadêmica. Tem predominado atualmente uma certa referência Miami: grandiloquência, abuso da simetria e de coloridos diferentes nos telhados e nas paredes externas, colunas sem função estrutural, enfeitadas com frisos, relevos e escala monumental. Ao observar o exemplo anexado a este post, meu tio (que é arquiteto), sugeriu um diagnóstico interessante: disse que aparentemente o "alquimista" autor do projeto tinha "preocupações volumétricas", um certo cuidado em distribuir a simetria lateral e alto/baixo. Mas a atenção à distribuição dos volumes não levou em conta, por exemplo, o ambiente. É uma casa à beira-mar e a viga frontal da sala simplesmente impede que se veja a linha do horizonte. Sobreposto a isso observa-se a ostentação, a utilização de colunas ornamentais, tudo isso sacrificando a criação dos espaços (na minha época de estudante estava na moda definir a arquitetura como "criação de espaços". Não sei se hoje ainda é assim) e a funcionalidade. Nem mesmo está em discussão se aqui antes foi pensada a forma ou a função: ambas são igualmente sacrificadas. Foram feitas, certamente, concessões ao proprietário-cliente: ou será que de sã consciência alguém que fez 5 anos de faculdade ousaria propor que o forro de um dos quartos tenha um detalhe em forma de coração e o outro um detalhe em forma de borboleta, por exemplo? E ainda há um terceiro quarto, com o detalhe em forma de estrela...

Infestação

' "isto" é na praia do Grant, Itajuba, litoral norte de Santa Catarina.